Saquê "Made in U.S.A."
Que o saquê saiu do Japão e ganhou o mundo, não é novidade. Basta caminhar por algumas quadras na Heddon St em Londres para perceber a quantidade de Sake Bars com longas filas de espera, ou ainda nos muitos bairros de Nova York, onde de Downtown Manhattan ao Soho, novas casas especializadas na bebida abrem todos os dias. De Los Angeles a Paris, de Praga a São Paulo, o saquê tem conquistado seu espaço e mostra que chegou para ficar.
Mas é mesmo nos Estados Unidos que o consumo e principalmente a produção de saquês vêm crescendo a olhos vistos. A exemplo do vinho e da cerveja, os norte-americanos não estão de brincadeira quando o assunto é saquê!
Nos últimos cinco anos o Japão vem superando seu próprio recorde em números de exportação de saquê, sendo um terço destinado aos Estados Unidos, seguido pela Coréia do Sul, China e Taiwan, conforme informação do MAFF - Ministério da Agricultura, Florestas e Pescas do Japão.

Não é de hoje que grandes produtores japoneses como a Hakutsuru estabeleceram fabricas próprias em território americano. Até mesmo a Asahi Shuzo, produtora do icônico Dassai, divulgou que está construindo uma nova planta para produção de saquê a ser inaugurada ainda este ano em Nova York.

Mas são os próprios americanos que estão colocando a mão na massa para fazer um produto de qualidade, e é nos Estados Unidos que o produto está ganhando uma nova personalidade, e se tornou um produto cult.
No Brooklin, bairro de Nova York hoje conhecido por uma cena jovem, entre galerias de arte e novos restaurantes badalados, ocupando o prédio de uma antiga fábrica está a “Brooklyn Kura”. Os amigos Bryan e Brandon se conheceram em Tóquio, e da paixão em comum nasceu esse projeto made in U.S.A. Seus saquês se destacam pela originalidade, como o rótulo Citrix, com maior acidez conferida pelo trabalho com o Koji.
Mas nem só de saquê moderninho vive o mercado americano. É do deserto do Arizona o campeão na modalidade “overseas sake” (saquê estrangeiro) no Sake Competition 2018/2019 (mais informações sobre esta competição no artigo do nosso Sake Enthusiast Fabio Ota aqui!).

O Junmai Ginjo Nama (não pasteurizado) criado por Atsu Sakurai chamou mesmo a atenção no evento. Sakurai nasceu em Yokohama no Japão, mas está a muitos anos nos Estados Unidos, terra natal de sua esposa, onde desde 2017 tem uma pequena produção na garagem de sua casa sob o forte ar condicionado. Atsu diz que o deserto do Arizona é propicio para a produção de saquê devido a baixa umidade, que ao contrario do que se tem no Japão, inibe o crescimento de fungos indesejados durante a fermentação. O resultado do seu trabalho foi mais do que aprovado por uma bancada de profissionais na última edição da competição.
Portanto, quando estiver visitando a terra do Tio Sam, que tal experimentar o saquê local? E por favor, não esqueça de trazer uma garrafa pra mim! =)
Kampai!
Por Andréa Machado. Sake Sommelière.